tag:blogger.com,1999:blog-13427640704693276612024-03-22T02:06:48.179-03:00Hybrid People_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.comBlogger59125tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-85815150550437101882013-10-25T02:02:00.000-03:002013-10-25T02:02:55.007-03:00To Heaven, ou como dragões podem voar<center><iframe width="420" height="315" src="//www.youtube.com/embed/mK3iSglbZUM?rel=0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></center><br />
<div align="justify"> Estou morrendo. <br />
Não de uma doença incurável e silenciosa que me corrói a carne, ou do tempo que me esfola a pele. É algo mais urgente, mais doloroso: aos poucos, queimando contra meus joelhos, sinto a água, fria como gelo, invadindo o carro. <br />
<br />
Ironicamente, a única coisa que me vem à mente é um verso de uma música que há muito não ouço: Monkey gone to heaven, do Pixies. No final, quando ele diz que "this monkey's gone to heaven" repetidas vezes, não posso deixar de imaginar vários amigos me dizendo isso, alguns sorrindo e acenando a cabeça. <br />
De repente, me lembro da última vez que ouvi aquela música. Eu tinha por volta dos dezoito e me sentia completamente perdida. Passava meus dias entre cadernos e cds, e aquele dia tinha escolhido uma playlist meio nostálgica. Fora meu irmão quem me indicara aquela música, anos e anos antes. Eu escolhi aquela música em específico, porque queria voltar ao dia em que a conhecera, num tempo menos preocupado, quando eu não precisava desesperadamente escolher o que fazer pelo resto de minha vida. <br />
Lembro que pus os fones e dei play, no volume máximo. Eu nunca fora muito entendedora de música, mas sabia que aquela música tinha algo especial... a melodia me fazia sentir como no mar, fluindo com e contra as ondas. Me fazia viajar fundo dentro de uma torrente de mim mesma, me fazia sentir como quando se sai da água, tendo ficado muito tempo lá: tonto, meio enjoado, mas com a sensação de fazer parte de algo maior e mais forte, que te envolve e te domina. <br />
<br />
E quando a música terminou, eu me sentia assim, numa overdose de algo tão grande quanto o mar. Embora a música tenha despertado em mim a certeza de que algo maior me envolvia, eu ainda me sentia deprimida com tudo ao redor, com todos que me faziam escolher coisas que não me agradavam, apenas por escolher. <br />
Lembrei-me, em seguida, que escrevera naquela mesma noite, sobre como me sentia com a ideia da vida que me planejavam, dentro de dez anos. Tive medo que essa vida não se concretizasse, nem que tivesse meus sonhos realizados, ou que não tivesse histórias para contar aos amigos sobre o meu passado. <br />
Não pude evitar um sorriso, quando pensei isso, e senti minha boca lentamente encher-se de água e sangue. Me dei conta de um profundo ferimento em meu peito, por onde uma quantidade considerável de mim se misturava à água. Não quis me importar. Depois de muitos anos de grande espectativa para tudo, eu simplesmente virei as costas para as coisas urgentes, e voltei a mergulhar em minhas lembranças, fechando os olhos com força. <br />
Sim, há dez anos eu me sentia tão infeliz quanto qualquer adolescente pode se sentir. Havia tanta vida, tantos sonhos, tantas opções. E tão pouco tempo! Eu sempre havia sido uma alma indecisa, ou talvez uma doce aventureira, postergando tanto quanto possível qualquer decisão, para enfrentar a adrenalina de escolher várias coisas tão rápido quanto uma curva de montanha russa. <br />
<br />
Eu podia ser tanto uma quanto mil outras coisas, e isso, ao contrário de me acalmar, apenas aumentava o meu terror. Eu tinha medo diariamente de me decepcionar, de escolher qualquer caminho e de repente, após uma virada brusca à esquerda, sentir meu rosto de encontro a uma parede sólida o suficiente para me fazer hesitar. Tudo me sussurrava que eu podia dar as costas a essa parede e fazer o caminho de volta, mas eu não podia evitar pensar na dor, ou no possível nariz quebrado que aquela escolha podia me acarretar. <br />
Naquele dia, eu fui para a cama depois de ouvir mais algumas músicas, nenhuma tão intensa quanto Monkey gone to heaven. Escrevi que, em dez anos, eu queria encontrar aquelas páginas de indecisão e medo, e desejar, com toda a verdade em meu coração, voltar ao passado e dar um abraço na garotinha de dezoito anos, assustada como um dragão que acaba de descobrir suas asas e quer voar. <br />
E dez anos depois, eu me senti abraçada por mim mesma enquanto o grande domínio do mar me envolvia.<br />
</div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-80519583043413287062013-10-03T12:07:00.001-03:002013-10-03T12:08:01.924-03:00Elysium<div align="center">Ela ri, mas ri porque é uma desgraçada<br />
uma maldita.<br />
Todo dia ela passa pelo mesmo lugar,<br />
onde em vermelho e branco, o diabo está a lhe observar.<br />
Ouvindo sons que não compreende,<br />
Vendo gente que não reconhece,<br />
devagar, Elisa ressona.<br />
<br />
Com três demônios de um lado,<br />
um anjo de outro,<br />
Elysium a receberá.</div><br />
<div align="right"><b>S. Blackmont</b></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-23431396418374622182012-10-12T10:26:00.001-03:002012-10-12T10:26:30.479-03:00Metalinguagem<div align="justify">Começar é a parte mais difícil. Mesmo após anos de prática, ela ainda sente dificuldades em escolher as palavras - e talvez seja por isso, porque ela escolhe as palavras ao invés de simplesmente dizer o que quer dizer. Talvez seja esse o grande mistério que aqueles silêncios constrangedores têm a dizer quando dançam pela sala e vez ou outra param entre as duas. Eles sussurram: você fez más escolhas. <br />
Intimamente, ela sabe que não são só más palavras. Ela também sabe que silêncios não podem sussurrar coisas, mas depois de tantos anos, nem ela tem certeza de que eles sussurram, nem de que um dia o fizeram. Ela não se importa com o código, mas sabe decifrar a mensagem que ele carrega.<br />
<br />
Engraçado é que ela fuja disso, da mensagem.<br />
Para ela, todos os códigos são importantes, tanto quanto a própria mensagem. São todos organizados em linhas retas e paralelas, meticulosamente distantes o suficiente para que sejam legíveis e compreensíveis, embora não haja muito o que ela diga depois que o código foi escrito. No último encontro, passaram duas horas em silêncio total. De uma forma estranha, não foi constrangedor ou coisa assim, só foi... estranho. Após anos de prática, sussurradores já não são um incômodo para elas. <br />
<br />
Hoje é dia de encontro. <br />
Ela chega, cautelosa e cheia de espectativa como uma criança curiosa. Senta-se na cadeira, fingindo descontração, mas é impossível disfarçar. Quando a doutora pergunta se quer conversar, ela responde de imediato.<br />
- Andei pensando numas coisas. <br />
Ela espera algum sinal para que prossiga, mas é como quando fala com o espelho. Depois de algum tempo, a gente esquece de como é burlar.<br />
- Sobre o passado e tal.<br />
Silêncio. Nenhuma das duas sabe o que falar. Ela não sabe se deve prosseguir, a doutora, não se lembra de ter trancado a porta ao sair de casa. Silêncio constrangedor, enquanto sombras negras começam a se entreolhar: nem elas têm certeza se é a sua deixa, se podem começar a sua valsa sussurrante, ou se é apenas um momento quando o processo fica lento e as ideias se complicam. <br />
Porém, é fato que o código, apesar de bem escrito e bem escolhido, falha. Nenhuma das personagens sabe o que fazer em seguida. <br />
<br />
- Pergunte-me o que diria para a minha criança de sete anos.<br />
Apesar de o código ser inadequado e a mensagem, inócua, o pensamento precisa sair. É como se ela só jogasse a mensagem dentro de uma caixa de sapatos porque precisa libertar-se daquela obcessão. Precisa esquecer aquilo que a assalta e a deixa sem ar. É uma ideia, a doutora compreende. Um parto se aproxima e ela pode imaginar que a criança já chora dentro da vagina, impaciente de nascer. <br />
Mais por piedade que por compaixão, ela pergunta. <br />
Silêncio. Ninguém sabe o que falar, porque já não há código que o diga, mas é só uma pequena mensagem, ela pensa. E pensa também em como é difícil interpretá-la sozinha, quando não há nada - nem sussurradores - que a impeça, que lhe dê um limite ou uma razão. Sem código, ela é só e só é a mensagem. <br />
Os sussurradores, por sinal, já estão vestidos e prontos: falta apenas a deixa que os levará para seus lugares - mas, espere, não há código! Sem o código, eles não saberão quando entrar! Ela suspira, entorpecida na descoberta. Olha ao redor e vê que todos eles a fitam, ansiosos pela deixa.<br />
- Eu a levaria para uma ilha - ela diz, cuidadosa, fitando-os e recebendo seus olhares. Pela primeira vez, não há mensagem, ela pensa. Eles só estão aí por causa do código. Porque há um código que lhes diz que esse é o seu lugar, mas é um mal negócio: ele não diz o que devem fazer. <br />
Isso é tarefa dela dizer. E ela está em silêncio. <br />
- Eu a ensinaria a jogar cartas. <br />
</div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-85351769295766173972012-04-25T02:13:00.001-03:002012-04-25T02:15:36.466-03:00Grita!<div align="justify">
Tu tens medo!, é a vadia quem proclama. Seus lábios formam um círculo grotesco, em rubro sangue. Não posso recuar, entretanto, porque se o fizer o único que me abraçará será o negro abismo às costas e o seu riso desgraçado cortará a carne, como o ergu que a protege. Penso que ele talvez seja um pouco como eu, do tipo que não tem muito o que fazer nem ninguém a perder. A ideia de que o seu corpo metálico foi moldado nas coxas da vadia me assusta, porque somos mais parecidos do que qualquer um gostaria. <br />
<br />
Ela... ela é um adendo à parte. Ela é meu pesadelo. Sua mão me estapeia, seu pé me chuta, eu sinto o ódio, mas o que dói-me mais ela não controla. Não é o corpo que agride, nem a palavra que fere. Antes porém, seja a verdade a culpada. Ela quer que eu morra, quer que eu ceda aos seus encantos e me deixe levar pelo ergu ao meu destino - porque ele e eu assim o somos. Desde o momento em que o meu olhar cruzou o dele, a sensação de reciprocidade é ameaçadora. <br />
Eu vejo o seu olhar, um tanto servil. Indiscutivelmente servil. É patético, eu penso, mas é realmente patética a sua tranquilidade em lidar com o caos que carregamos, é-me também sedutora. <br />
<br />
TU-TENS-MEDO!, ela cospe em meu olhar, mas eu o sustento. Foi o primeiro erro. <br />
Ela odeia os próprios olhos, odeia o seu próprio eu, ver-se é-lhe o pior castigo e sim, é por isso que eu o sustento. Se morrerei, dela quero ao menos o ódio, se me é vetado o desprezo. Penso o quão perto do fim estou. Dois passos, com sorte apenas um. Se cair, é para sempre. Mas não cedo. Não cedo porque não quero, embora o corpo implore e a mente seja torpe. Não cedo porque... <i>eu te amo.</i><br />
<br />
De repente, do abismo emergem dez um anjos. Sete mil à esquerda, três mil à direita. O barulho das suas asas... elas brilham e me cegam, mas não surtem qualquer efeito à dupla demoníaca, porque eles também o são. Um último grito. <br />
<br />
Recebo as palmas da platéia, e o espetáculo é finalmente bom o bastante.
</div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-12760236934562313512012-04-10T00:10:00.000-03:002012-04-10T00:10:18.010-03:00Ponto-final<div align="center">Juntando um pouquinho de cada,<br />
Recriando os caquinhos,<br />
Refazendo o meu caminho<br />
para ver o final:<br />
só um ponto abandonado.<br />
<br />
Se valeu a pena<br />
eu não sei. </div><br />
<div align="right"><b>S. Blackmont</b></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-22382466337187199252012-04-08T18:35:00.000-03:002012-04-08T18:35:48.857-03:00Sentir<div align="justify">Ela sempre havia tido uma facilidade espetacular para esconder o que sentia. Só não a dor, porque era frágil que nem uma borboletinha e gritava quando a machucavam, mas, por ser tão frágil, todos cuidavam dela e ela quase nunca precisava gritar. Mas ela escondia que amava, que se decepcionava, que gostava, que queria. Ela abria mão de tudo por todos e fazia-o com uma graça tão gostosa, tão pura, que era impossível sofrer por aquilo, mesmo que fosse algo que quisesse muito. Ela sabia valorizar tanto o pouco que tinha quanto o que dava aos outros, porque querendo ou não, o que ela dava ficava gravado nela como um gesto prazeroso, algo que lembrava sem soberba alguma, com a inocencia de uma criança. <br />
<br />
Ela era simplesmente era assim. As pessoas que a rodeavam cuidavam dela, mas a pequena nunca pedia ajuda, às vezes sem entender exatamente porquê fazia isso. Não queria... atrapalhar em nada e parecia sempre que todos estavam tão ocupados! Era instintivo que ela dissesse sempre que estava tudo bem, mesmo que precisasse desesperadamente de qualquer gesto de carinho.<br />
Lá dentro, ela achava que isso iria fortalecê-la, que um dia seria capaz de coisas que mudariam tudo e todos ao seu redor. Achava que era especial, mas não no sentido de ser melhor, talvez até o contrário. Ela só queria que as pessoas a aceitassem como amiga e aceitassem a sua ajuda, porque era tudo que ela podia fazer por eles. Nela, por pior que fosse o erro da pessoa, todos poderiam encontrar uma versão inusitada e menos cruel das mazelas da vida, sorrisos e compreensão, tapinhas camaradas e afagos.<br />
<br />
Quando ela já não podia mais as pessoas se mostravam um pouco mais delicadas e, de uma forma que lhe era estranha, a pequena esperava que fizessem com ela os mesmos gestos de bondade que ela fazia quase sem que pedissem. Mas... não. As pessoas não eram como ela. Todos sabiam que às vezes ela sobrecarrecava, mas não sabiam como reagir a isso pois o que vinha dela era tão mínimo, tão minúsculo em comparação com o que eles sentiam que ninguém tinha mãos hábeis para lidar com aquilo e moldar algo belo como o que ela fazia. Esperavam que ela dissesse como se sentia, que os ensinasse a lidar com aquilo.<br />
<br />
Era com ingenuidade e sem qualquer maldade que eles agiam, mas sem querer, deixaram que ela afundasse em si mesma. Ninguém tinha mãos pequenas como as dela, hábeis para moldar das suas lágrimas o que ela fazia com as dores dos outros. Ela iria morrer, seca e feia. Era só o ponto final de uma bela história, algo que ninguém por mais prolixo que seja pode evitar que aconteça. Ela, na verdade, já acreditava que a sua história se extendia por tempo demais. Estava cansada, precisava dormir, mas o que ela não sabia era que a sua história nunca terminaria, </div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-596316820744219392012-03-11T22:22:00.003-03:002012-04-08T18:53:46.416-03:00One way<div align="justify">Passando na rua, um louco perguntou: Já reparou? - o são o ignora, somente um semelhante é capaz de ver a beleza que se esconde nas frestas da pergunta. Mas quem pára não é louco... quem pára é apenas curioso. O louco até se surpreende, mas logo se recupera; passa o braço aos ombros do outro e como quem discute o segredo do universo, fala inspirado e ignorante de todos que observam a cena.<br />
- Repara que toda a gente... que toda a gente de todo o lugar, tem quase nada ou muito pouco a ver com seus conhecidos? - ele era do tipo hilário, que muito raramente tira da cara o sorriso ou que se veste de luto. Falava exaltado, sem entretanto gritar; gesticulava, sorria... e curioso, ao lado, de pouco em pouco o reconhecia.<br />
<br />
- MAS É O BORGES! - de repente exclamou. O tal Borges era companheiro de noitadas do curioso, havia desaparecido há algum tempo, mas todos achavam que era tal onda de casório que o havia enfim atingido. Estavam errados. Era que o Borges havia se apaixonado, mas não era por uma mulher - nem por um homem, vale ressaltar. Ao menos, não no sentido romântico. <br />
<br />
Certa vez estava o tal Borges voltando para casa numa madrugada depois de uma festança braba. Tinha ressaca, um litro de vodka e uma mulher, mas não podia encontrar as malditas das chaves do Corsa branco! Sentou-se no meio fio e sequer notou o abandono da doce dama que o acompanhava, em igual estado. Ela logo arranjou companhia. Mas o Borges, não. <br />
<br />
Não se sabe muito bem se foi reação da vodka no organismo, se foi sereno da noite ou quentura do amanhecer... o fato é que desde aquele dia, ele nunca mais apareceu. Não foi ao trabalho, nem no enterro da tia, não foi visitar a irmã, nem pediu em namoro a vizinha. Não dormiu nem tornou a dirigir. O fato... ah... o fat- </div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-8829725317896934182012-03-08T14:48:00.000-03:002012-03-08T14:48:40.418-03:00Leaves' Eyes - My Destiny<div align="center"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="244" src="http://www.youtube.com/embed/b15yaPYNDRU?rel=0" width="480"></iframe></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-53007820123275910052012-03-02T21:12:00.002-03:002012-04-08T18:54:29.439-03:00O sangue<div align="justify">E na infelicidade do poente, a faca ergue-se contra o poer, e quando cai, é noite. <i>Já vai tarde</i>, o assassino diz, mas na verdade ele não é o assassino nem pode falar. Quem diz é o morto, porque é dele a língua que perfura a carne do assado. É dele o cálice envenenado. O assassino apenas sorri com o seu afeto, em mera contemplação. Entretanto, não é vingança que está em seus olhos, mas não posso dizer que seja arrependimento, ou caridade tampouco. É mais profundo, insano e é doce como mel, revirando em suas tripas com a refeição soberba mal digerida. Ele se recusa a vomitá-la porém, mas o sangue... ele suja seus sapatos. <br />
<br />
Escorrendo pegajoso pelas sombras, o assassino foge, tendo no bolso a faca... a maldita faca, e nas solas dos sapatos, o rubro o persegue como a guiar seus passos por cantos jamais antes visitados; à calada da noite ele retorna, como um zumbi, a contemplar os carros que chegam, e a viúva que em choque, não chora, mas não esconde a juventude que há em seu coração. Passa-lhe que talvez deva-lhe os pêsames, se pergunta se não seria zombar com o olhar estático e vazio, meio negro do morto. Mas ele está morto... está e nada pode mudar o fio da faca, agora cega, que lhe cortou o peito. <br />
<br />
O assassino, porém, sabe que não deve. Está cansado e tem olheiras, mas a visão do morto não lhe pode ser privada. Quer vê-lo, quer zombar... quer vingança. E é nisso que ele cai, porque o riso da pose tragicômica é imediato. O morto morreu sem saber por que meio, só viu o olhar intragável do assassino, e no rosto, a máscara fúnebre cai. E já noite, e todos dormem na casa. Levanto-me e de súbito, o assassino está sobre mim. Meu grito ecoa na noite, e fim. </div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-21435448805901099332012-03-02T13:26:00.000-03:002012-03-02T13:26:17.064-03:00Korn - Coming Undone<div align="center"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="http://www.youtube.com/embed/CSJXle3LP_Q?rel=0" width="480"></iframe></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-72731046945792064472012-02-17T21:36:00.004-03:002012-04-08T18:54:41.544-03:00Rosa fino ou tom pastel<div align="justify">Ela tinha problemas, sérios problemas. Não porque fosse uma criminosa, mas porque existia. Seu maior problema era aquela coisa intrínseca, maldosa, palpável. Passaria pela vida sem ser tocada, se isso lhe fosse permitido. Passaria toda a sua existência enfurnada num catre sujo e miserável, se isso lhe fosse permitido, mas não o era. Então ela se levantava todos os dias com os olhos inchados e se prometia: um dia irei mudar tudo, e todos os dias ela repetia isso, olhando na sombra escura sob os olhos.<br />
<br />
Não era bonita, nem inteligente, nem qualquer outra coisa, tampouco era agradável. Tinha aquele ar um tanto metafórico: era sem ser, quase sem sentir quem era, e no entanto, era mais do que a maioria presumia. Era, também, uma visão diferente e passageira. Usava sempre os mesmos caminhos, numa rotina estressante, mas quando se propunha uma mudança, esta era-lhe tão brusca e inesperada que tolhia-lhe o fôlego e a fazia perder-se. Ela era assim: oito ou oitenta, mas também podia ser oitenta e oito. <br />
<br />
Um dia, alguém, quem pouco importa agora, disse-lhe que deveria experimentar uma mudança. Ela assustou-se: por falta de uma escolha e sem nunca parar para pensar naquilo, ela achou a ideia miserável. Tacou logo uma daquelas ácidas, que soltava quase sem notar e quase sem querer: quem é você para me dizer isso?<br />
<br />
Era verdade que se conheciam há um bom tempo, chegaram a ser próximos por alguns meses, mas desde um pequeno incidente ocasional e mal interpretado, haviam-se afastado. Já haviam se chamado mutuamente de amigos. De fato, o eram: o que havia entre eles, era mais do que muitos daqueles que se consideram amigos, têm. Tinham liberdade, aquela liberdade arrogante, selvagem, que rasga a máscara e cospe na cara. Ainda assim, ela sentiu-se acuada sob o peso daquelas palavras, mas nada disse. <br />
<br />
Ela poderia ter mudado seu caminho, seu ônibus, talvez o sapato ou a bolsa, o penteado. Podia ter sorrido mais, ter tido mais amigos, ter saído para beber. Ela podia ter tido namorados e amantes, ter partido alguns corações, remendado outros. Podia, e certamente queria, mas ela era quem era, sem ser e sem negar o que era. Ela era mais, muito mais do que todos esperavam que fosse. <br />
<br />
Fosse como fosse, por via das dúvidas, ela mudou o tom pastel dos lábios para um rosado fino, mas então a cara torpe se contorceu e, num átimo de infinita angústia, morreu. </div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-53480348493639200642012-02-15T17:15:00.000-03:002012-02-15T17:15:51.429-03:00O signo<div align="center">Centelha de noite maldita!<br />
Fruto do ódio,<br />
nesga de paixão ardida.<br />
Vai-te com a neve!<br />
<br />
Aqui não tornarás<br />
jamais a estar.<br />
Entre nós não és querida,<br />
entre nós tu morrerás.<br />
<br />
Em noite de luar, <br />
em peito aberto tu serás<br />
marcada com o signo<br />
do teu lugar. <br />
<br />
E a ele tu tornarás. </div><br />
<div align="right"><b>S. Blackmont</b></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-36788901403362079192012-02-15T17:09:00.001-03:002012-02-15T17:10:44.556-03:00Atrpoledao<div align="center">!<br />
A interrogação interrompe<br />
o estampido<br />
do estúpido. <br />
<br />
Intro-<br />
-vertida a tua<br />
intervenção<br />
extra-venosa. <br />
...</div><br />
<div align="right"><b>S. Blackmont</b></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-68165289260437027712012-02-15T16:55:00.000-03:002012-02-15T16:55:23.515-03:00O avulso<div align="center">No grito, ela sentiu do coração partido,<br />
O pulsar, e do peito amigo,<br />
O saciar.<br />
<br />
Sem dó, sem pena<br />
O desejo puro a governa,<br />
sem perdão.<br />
<br />
E no ápice,<br />
A contração dos punhos.<br />
E do púlpito, só resta o avulso.</div><br />
<div align="right"><b>S. Blackmont</b></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-13229203354116065742012-02-15T16:50:00.003-03:002012-02-15T16:54:03.638-03:00Roubado<div align="center">O circo chegou!<br />
Havia gente e sorrisos.<br />
Pendendo da janela, crianças<br />
gritando umas às outras,<br />
recebendo a oferta generosa.<br />
<br />
O circo chegou!<br />
Tragando pela noite as luzes<br />
e os sorrisos ansiosos,<br />
A doce Ingenuidade,<br />
devolvendo o prelúdio de um massacre.<br />
<br />
O circo chegou!<br />
A equilibrista, o mágio e o palhaço<br />
todos mortalmente tristes,<br />
ansiando por um afago.<br />
<br />
O circo chegou.<br />
Ele se foi,<br />
trazendo consigo<br />
mais do que a lembrança<br />
daqueles olhos.</div><br />
<div align="right"><b>S. Blackmont</b></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-41098726329467970492012-02-15T16:48:00.001-03:002012-02-15T16:53:28.725-03:00Madrugada<div align="center">O segredo da noite<br />
que me envolve<br />
é tão covarde,<br />
tão fabuloso<br />
que surpreende.<br />
<br />
Sinto no pulsar a veia,<br />
a bela cala.<br />
O cálice se enche. <br />
A noite a seduz e<br />
entorpece.<br />
<br />
O horizonte cinge o<br />
alvo de<br />
corpo cálido e<br />
seio quente.<br />
Sugo sem temor. <br />
<br />
Tu me pertences!<br />
Na cama, no ar,<br />
na noite macia,<br />
na malícia<br />
da madrugada.</div><br />
<div align="right"><b>S. Blackmont</b></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-8615628480332553632012-01-19T16:47:00.000-03:002012-01-19T16:47:36.136-03:00A Alegria<div align="center">Mal passava o meio dia quando os pirralhos começaram a gritar. <br />
De um lado os pais, sem nada compreender, do outro a alegria, do alto, a despertar.<br />
<br />
Cada um recebeu um bilhete: cortesia aos garotos, para alegrar.<br />
Os pais, sem demorar, puseram-nos todos para casa:<br />
Vão se banhar! <br />
Mais pareciam sapos imundos, todos a coachar em coro: Finalmente uma novidade, <br />
algo para lembrar!<br />
<br />
A noite caiu, estendendo-se sobre os campos<br />
ao mesmo tempo em que o realengo se pôs a rodar.<br />
Braços dados, sorriso dengoso. Quem conhecia o palhaço?<br />
<br />
O show começou, o domador logo sacou o chicote e se foi.<br />
As feras que ele combatia, todas dormindo.<br />
O show parecia ruir, mas nem pensar em parar:<br />
Estavam apenas começando.<br />
<br />
Passava da madrugada quando um carro perdido em frente ao circo parou.<br />
Trazia coisa valiosa, reluzente, e de muito louvor.<br />
O domador desceu do trailer, sem muito entender<br />
se aproximou, sem acreditar:<br />
Sim, o Circo chegou! <br />
<br />
A noite havia sido um fiasco<br />
a platéia dormira<br />
mas tudo vai mudar, ele disse,<br />
e vai ser nessa noite! <br />
<br />
Discurso inflamado, platéia pequena<br />
somente um jovem casal, o escolhido.<br />
Mãos delicadas, sorriso cheio de amor<br />
assistia sem ver o que o domador fazia.<br />
<br />
Demorou vários números para se ouvir.<br />
De lá de fora, um sorriso devasso, fez tudo ruir.<br />
Cantava um versinho pronto:<br />
<br />
Eu sou a voz do amor<br />
Eu sou o querer,<br />
Venha, venham, venham todos para mim.<br />
Eu tenho um presente para vocês!<br />
Colhido em noite de luar:<br />
Um coração amargo, amargo de doer.<br />
<br />
Os dois se assustaram<br />
Do lado de fora ouviram<br />
uma sirene a soar<br />
era o mundo, <br />
pronto a se alegrar. <br />
<br />
Alegria maldita!<br />
Filha maldita a mergulhar na luxúria dos anjos.<br />
E os humanos, todos nós,<br />
a lhe idolatrar.</div><br />
<br />
<div align="right"><b>S. Blackmont</b></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-74024664350003327402011-12-30T19:04:00.002-03:002012-04-08T18:55:12.296-03:00O mar<div align="justify">Somos por nossa natureza, sempre impelidos a buscar no desconhecido, na aventura, aquilo que não encontramos numa rotina. O mar, portando, foi apenas uma válvula bastante eficaz para saciar essa sede de aventuras: estava perto, ao alcance de um braço, e afinal, o que poderia haver de tão ruim naquele horizonte azulado, que os corajosos não pudessem enfrentar? Ah, havia lendas sobre criaturas mortais, mas elas, para o verdadeiro marinheiro, seriam mais como um incentivo à viagem do que uma centelha de medo, o que apavorava mães, irmãs, noivas, que em desespero choravam para que o aventureiro não partisse em busca de sua ambrosia.<br />
Foi com homens assim que Portugal lançou-se ao mar sem demora. Conquistou a África, que lhe dava ouro e marfim, mas não o que Portugal queria. No caminho às Índias os portugueses esbarraram numa terra nova, que viria a se chamar Brasil; que daria muito lucro com suas matas verdejantes e suas terras intocadas, que daria também muita dor de cabeça com sua natureza indomável e rica.<br />
Bem tentaram conquistar esse Novo Mundo, mas o mar pertencia a Portugal, e por extensão, tudo que nele houvesse. No fim, Portugal não queria as Índias, queria o Brasil. Dar a volta ao mundo foi só uma maneira de prolongar a aventura.<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">N/a: não contem para ninguém, mas essa foi minha melhor redação <3</span></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-3972417499009093142011-12-24T20:36:00.000-03:002011-12-24T20:36:18.028-03:00Memories (SS/HG)<div align="justify"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.fanfiction.com.br/userfiles/0/F/A/C/capa_6_1269784557_imagem.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://www.fanfiction.com.br/userfiles/0/F/A/C/capa_6_1269784557_imagem.JPG" width="255" /></a></div><i>Lembranças...<br />
<br />
</i><br />
<div align="right"><i>Cela 307, Azcaban</i><br />
<i>Atlântico Norte,</i><br />
<i>18 de setembro de 2004</i></div><i> <br />
Às vezes é preferível nem mesmo possuí-las, não é agradável prender-se à algo que mais cedo ou mais tarde será arrancado de você. Aqui, em Azkaban, você não pode dar-se o luxo de pensar, senão você descobre onde está e começa a enlouquecer.<br />
<br />
Esse é o destino final dos servos ainda vivos do Lord, mas o que acontece aqui segue um rumo que nem nós mesmos não podemos prever. Tudo depende do que você pensa, do que fala e faz.<br />
</i><br />
<a name='more'></a><i><br />
Quando posso sentir que algum dos dementadores se aproxima busco isolar toda e qualquer lembrança em que possa sorrir (apenas uma, nesse momento) ou mesmo aquelas dos meus anos de espião. Tudo que possa ser sugado de mim será usado por eles da forma mais cruel possível...<br />
<br />
Aqui o tempo não passa, horas transformam-se em dias, que viram meses, que passam lentamente diante de seus olhos sem que possa tocá-los. À noite posso ouvir os gritos daqueles que não têm mais motivo algum para viver, que imploram por uma morte menos dolorosa.<br />
<br />
Onde estou os prisioneiros ainda não chegaram a tal ponto, mas alguns, como Bella, não tardarão a alcançar a loucura completa. Eu prefiro guardar meus gritos para minha própria mente, enquanto busco uma forma de sair daqui.<br />
Admito que invejo àqueles que têm uma vida "garantida" e ainda assim aventuram-se por locais nada apropriados. Nada é tão fácil assim na vida, e vê-los desperdiçando seus preciosos minutos em futilidades é revoltante.<br />
<br />
Agora já é madrugada, é o pior momento para pessoas que ainda guardam segredos em suas mentes. Eles, à essa hora, podem sentir seus sonhos, percorre-los livremente e manipulá-los para que nunca tornemos a dormir, é como nos tempos marotos... Sempre perseguido, sempre na linha de fogo, sempre em perigo.<br />
<br />
Creio que por hoje minha tortura será evitar lembrar de como é a textura de sua pele, de como sua pele é aveludada, de como senti-la em contato com minha pele é prazeroso.<br />
Sim, eu a amo, definitivamente.<br />
<br />
Talvez esse seja um dos meus últimos relatos, talvez sejam apenas palavras vazias, talvez você nem as mereça.<br />
Gosto de escrever pensando que, numa chance remota, você possa um dia lê-las. Mas sei também, que é quase impossível que isso venha a acontecer...</i><br />
<br />
<div align="right">S. Snape</div><br />
<br />
Severus olhou para a carta escrita, já escrevera outras em diversas ocasiões, mas aquela lhe era diferente. Não relatava sua breve rotina diária ou os gritos que ouvia durante a noite e o impediam de dormir, ela simplesmente falava de algo que não lhe era comum. O amor.<br />
<br />
De todas as experiências amorosas que passara durante sua vida, saíra machucado. Algumas feridas físicas também lhe eram uma lembrança constante de que estava fadado a viver sozinho, sendo companheiro da própria sorte.<br />
<br />
Fechou os olhos, já não dormia a dias e estava cansado.<br />
<br />
Pela primeira vez falhara num objetivo, iria render-se aos prazeres a tanto vetados, iria desejá-la em sã consciência. Era usado a tanto tempo que se acostumara à dor e à submissão, era apenas outro iludido por pensamentos revolucionários de alguém que também buscava a mesma coisa que ele, alguém que também sofrera muitas das quais ele havia sofrido.<br />
<br />
Não, Lord Voldemort não era tão diferente dele quanto as pessoas costumam achar, a única coisa que os diferia era o arrependimento. Severus havia se arrependido por uma morte, Lord Voldemort, não.<br />
<br />
<br />
<center>* * *</center><br />
<br />
<i>Arrependimento...<br />
<br />
</i><br />
<div align="right"><i>Cela 307, Azcaban</i><br />
<i>Atlântico Norte,</i><br />
<i>20 de Setembro de 2004.</i></div><i><br />
Talvez eu não o tenha, talvez nunca tenha tido.<br />
Somente hoje eu sei - ou posso dizer que sei - o que sente uma alma arrependida.<br />
<br />
São vários estágios de arrependimento. Os primeiros são tão brandos que você nem os percebe, só os vê quando já o tomam de completo.<br />
Os mais avançados, em geral, são letais. Chega um ponto em que você sucumbe e decide que não vale mais à pena viver.<br />
<br />
Tudo que mais gostaria era tê-la comigo. Sentir seu corpo junto ao meu, sua pele lisa e macia arrepiando-se ao meu toque... Ainda a desejo, sou consciente disso, ainda assim não me permito pensar nela, nem sequer dizer seu nome, algo proibido para mim.<br />
Ela é tudo que tenho, se perdê-la morrerei, tenho certeza. Sei que, mesmo longe, ela ainda imagina meu destino, o que passo todos os dias resume-se a desejá-la.<br />
<br />
Não, ela não é um objeto para mim, é mais que isso. A tenho como um desejo que tento em vão reprimir.<br />
<br />
Ouço os gritos de Bella, provavelmente ela tem mais uma das já escassas memórias sugada. Ou então deve estar sendo transferida dessa ala.<br />
<br />
</i><br />
<br />
<center><i>* * *</i></center><i><br />
<br />
Arrependo-me apenas de não ter dito o que queria da forma que queria. Desejei-a desde que a vi frágil como um cisne de cristal... Adorei-a quando a vi lutar.<br />
Sim, Hermione era um misto perfeito de coragem e beleza, algo que fez com que eu a visse com olhos de humano, não somente de professor.<br />
<br />
Sei que muitos me matariam por isso, mas é a verdade. Eu a amo.<br />
<br />
Talvez seja apenas admiração, tudo bem, mas eu sei que ela é meu único motivo verdadeiramente importante para sobreviver às "visitas" constantes dos Dementadores. É por ela que eu não me permito fraquejar, é somente por ela...<br />
<br />
Sei que em alguns dias será seu aniversário, e como eu gostaria de abraçar-lhe... Desejando muitos anos de vida, dizendo-lhe o amor que eu sinto por você...</i><br />
<br />
<div align="right"><i>S. Snape.</i></div><br />
Snape olhou para a minúscula janela de sua cela. Lá fora o sol começava a nascer mais uma vez, e ele pedia para que Hermione, Sua Hermione estivesse bem e feliz.<br />
– Mesmo que não comigo... - disse sussurrando, brigando com sua imensa vontade de sair dali e gritar para bruxos ou trouxas pudessem ouvi-lo.<br />
<br />
Diria que a amava, que a desejava e que faria de tudo para que seu amor fosse correspondido. Faria mil (ou mais) loucuras para provar que era merecedor do contato com sua pele, do seu corpo e, principalmente, do seu amor.<br />
<br />
<br />
<center>* * *<br />
<b>Alguns dias depois...</b></center><br />
<br />
Hermione estava sentada, as pernas junto ao peito e chorava quieta. Já tinha 25 anos de idade, mas ainda assim chorava feito criança.<br />
Uma criança que teve seu brinquedo roubado.<br />
<br />
As lágrimas corriam livremente pela face de pele lisa, chorava sem saber o motivo certo disso, só queria chorar.<br />
Sentia que quanto mais lágrimas seus olhos vertessem, mais aliviada ela ficaria. Mas não era verdade. Quanto mais chorava, mais necessidade de chorar ela encontrava, e então o ciclo recomeçava.<br />
<br />
Hoje era seu aniversário.<br />
Na verdade, seu aniversário fora no dia anterior, visto que já era mais de meia noite.<br />
<br />
Olhou para o céu, desejando apenas um presente. A imagem de seu carrancudo ex-professor a inundou, e novas lágrimas verteram dos olhos castanhos cor de mel.<br />
<br />
<br />
<center>* * *<br />
<b>Alguns anos depois...</b></center><br />
<br />
Seu último suspiro fora naquela cela imunda.<br />
Não queria admitir sequer a possibilidade de perder sua vida sem tocá-la mais uma vez, não o fez.<br />
<br />
Não houveram muitas escolhas. Severus era mal alimentado, sua higiene era a mínima possível. A princípio parecia-se com uma gripe comum, um resfriado que logo, logo passaria.<br />
<br />
Mas não passou.<br />
<br />
E ele começou a sentir febre alta. Por vezes parecia que sua cabeça, literalmente, cozinhara. Seu corpo parecia moído e mal se mantinha de pé. Não pedira medi-bruxos; não avisara a ninguém do que se passava.<br />
<br />
Até que num dos cada vez mais comuns acessos de tosse, ele identificou a doença que lhe afligia: Tuberculose, uma doença trouxa.<br />
Sabia que ela era letal quando não tratada adequadamente, por isso preferiu assinar sua sentença de morte (lenta e dolorosa, diga-se).<br />
<br />
Sua última carta fora datada do dia 24/09/2004.<br />
<br />
<i>Esperança...<br />
<br />
</i><br />
<div align="right"><i>Cela 307, Azcaban,</i><br />
<i>Atlântico Norte,</i><br />
<i>24 de setembro de 2004.</i></div><i><br />
Talvez não mais a tenha. Hoje eu descobri que meu tempo já é escasso, não irei me opor à morte, até pelo contrário.<br />
<br />
Sinto que conforme meus anos de espião se foram, minha vida também se fora. Como eu fazia com minhas vítimas, mas a elas não havia outro caminho senão a própria morte. Eu tentei ao máximo ser o mais breve e indolor possível, espero que não tenha sido tão ruim...<br />
<br />
Deixo essa como a minha última carta, embora tenha escrito outras, elas são irrelevantes. Apenas relatos de meu (não) dia-a-dia.<br />
<br />
Viver não simplesmente respirar. Para viver, necessita-se de um motivo, de um objetivo, e o meu fora tirado de mim a exatos 6 anos. Hermione era o meu motivo.<br />
<br />
Não mais a tenho, os Dementadores a levaram de mim.<br />
Em algum momento, provavelmente durante a noite, eles a tiraram de mim!<br />
<br />
Sinto-me cada vez mais cansado, e não tenho maior consolo senão a própria morte, apenas ela curará minhas feridas e irá afugentar meus medos. Apenas e tão somente ela.<br />
<br />
De alguém que amou e não soube dizer.<br />
Alguém que morreu feliz por um dia, mesmo que a tanto tempo, ter amado.</i><br />
<br />
<div align="right"><i>S. Snape</i></div><br />
<br />
Hermione terminou de ler às lágrimas, chorava tanto que seu corpo sacudia-se levemente.<br />
Gina tentava consolá-la, mas nada adiantava. Ela perdera seu único e verdadeiro amor para a Morte.<br />
<br />
Nesse momento, para ela a Morte seria tão bela quanto uma brisa de outono.<br />
Não doía morrer, a dor ficaria com os vivos. Não, na Morte não havia dor, não havia nada.<br />
<br />
Não seria necessário que seus pais dissessem a você que seria apenas uma leve picada da mesma forma como faziam quando você necessitava de vacinas.<br />
Não seria necessário que um anestesista o aliviasse, como para uma cirurgia.<br />
Não seria necessário que ninguém dissesse o que você deveria fazer quando ultrapassasse as barreiras físicas de seu corpo.<br />
<br />
Não, você saberia o que deveria fazer e faria da forma correta.<br />
<br />
Seu espírito é perfeito, mas seu corpo (imperfeito e falho como tal) o impõe limites. Liberte-se.<br />
<br />
<br />
<center>* * *</center><br />
<br />
– As cartas foram encontradas junto à ele - um encarregado lhe dissera - Ele as guardava com medo de que pudessem tirá-la dele. Acho que elas devem ficar com a Srta.<br />
<br />
E se fora, deixando 3 cartas escritas em uma caligrafia corrida e pequena, e uma Hermione extremamente chorosa segurando-as como se elas fossem seu maior tesouro (e elas eram...).</div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-41614332582960932032011-12-07T18:17:00.004-03:002012-04-25T02:16:02.122-03:00Sozinha<div align="justify">Sozinha. Para sempre sozinha. Essa era a sua punição. Caminhar para sempre sozinha, sem envelhecer nem morrer, sem doenças ou dor. Só o fado de nunca mudar, nem rosto nem corpo, e ter de acordar todos os dias e deparar-se com o mesmo rosto dos últimos anos, sem tirar nem pôr, sem qualquer atributo. Não era bonita, nem sociável, nem inteligente, nem esperta, nem tinha força espetacular, nem iniciativa. Simplesmente existia dia após dia como se o anterior não existira nem o seguinte houvesse. <br />
<br />
Elisa era seu nome e devia ter mais de trinta anos, mas ninguém notava. Ninguém a notava. Passava pelos mesmos lugares todos os dias, via as mesmas pessoas; pagava o cobrador do ônibus que indiferente recebia o dinheiro e a deixava passar, o motorista parava quando sua parada chegava, mas só porque ela apertava o botão, senão, também passaria direto. Elisa nem notaria que sua parada há muito havia passado, porque para ela a cidade era toda igual, e todas as cidades eram iguais, e tudo era igual a tudo, sem tirar nem pôr. <br />
<br />
Um dia o verão chegou trazendo suas chuvas incessantes e uma coisa inesperada aconteceu. Não com Elisa, mas com o mundo. Ela, que não tinha tevê, não viu que os rodoviários estavam em greve, e como não tinha amigos para lhe avisar, nem rádio para ouvir, ficou tempos esperando parada. Não houve sinal algum de que a dupla indiferente passaria para recolher o seu dinheiro e deixa-la na porta do trabalho. <br />
Como o tempo passasse e nada de os dois aparecerem – Elisa ignorava que eles vinham num veículo, embora dependesse deste – Elisa decidiu ir a pé para o trabalho. No caminho ela tropeçou várias vezes como se não houvesse aprendido a andar, e como inesperadamente, não podia ignorar todas as coisas e pessoas que estavam ao seu redor, como fazia desde- Desde quando? Ela não conseguia se lembrar, talvez sequer soubesse, talvez nem houvesse nada a ser lembrado. Elisa vagara por quase trinta anos sem qualquer marca, qualquer mancha em sua ingenuidade. Ela também não havia deixado marca alguma pelo caminho que percorrera. Passara ilesa pelos espinhos do caminho como uma salamandra escorregadia. <br />
<br />
Chegando ao trabalho Elisa deparou-se com as portas de vidro do banco fechadas. Não havia qualquer aviso colado a elas, nem qualquer pessoa à vista. Tentou lembrar-se do dia anterior, mas não havia do que se recordar. Como ela descreveria o ontem? Ah. Elisa diria que ontem foi igual anteontem, que foram iguais nos últimos trinta anos. <br />
Não havia vivalma na rua, embora fosse horário de pico e o banco ficasse numa rua movimentada. Elisa sentou-se encostada às portas de vidro e pôs a bolsa no colo. Olhou para um lado, depois para o outro, e ao voltar-se para cima deparou-se com um disco dourado que a ofuscou. Tapando os olhos ela permaneceu ali por horas, sem dizer palavra sequer. <br />
Elisa já sentia os lábios fender-se quando passou nelas a sua língua úmida, e então parou como quem pausa um filme para ir ao banheiro. Devagar, em câmera lenta, ela refez o movimento. Sua língua passou pelo lábio superior e desceu astuta, para os inferiores. Se pudesse, Elisa apanharia um espelho, como as mulheres que via nos ônibus, e olhar-se-ia. Examinaria aquele movimento com curiosidade de criança até a exaustão, só pelo prazer de sentir sua língua banhar seus lábios ressequidos. Elisa nunca havia sentido aquilo antes e era uma sensação estranha, porque não sentia, com a língua, os lábios, nem vice-versa. Não era como quando esbarravam nela e sua pele alvíssima ficava avermelhada com a pancada. Não era como quando se deitava e o cobertor 50% algodão, 50% poliéster tocava sua pele deixando-a por vezes irritada. Não! Era tão diferente disso tudo que Elisa não tinha palavras para explicar o que sentia. <br />
<br />
Na rua passou um cachorro rodeado de moscas olhando curioso para a mulher sentada no chão. Depois de satisfeito com a observação, empertigou-se como se dos cães de rua fosse o rei e se foi, sem ser notado por uma Elisa que lambia os lábios com avidez em busca de palavras para descrever aquela sensação – ou talvez a falta delas. <br />
E a partir daquele dia Elisa passou a usar o calendário elisário. Cada dia ela anotava como a descoberta de uma sensação nova, um cheiro ou sabor. Para os meses ela usava nomes de músicas que gostava, aos anos reservava seus autores favoritos. Foi assim que ela nasceu no dia das rosas, do mês da montanha do ano de Goethe, quando aquele cachorro sarnento voltou e sentou-se ao seu lado. </div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-80179568690316838862011-11-12T14:27:00.003-03:002012-04-25T02:16:02.141-03:00Carta de um velho marinheiro II<div align="justify">Ah meu caro... quisera eu saber que toda beleza é passageira e toda flor murcha quando ainda era tempo de retraçar o futuro, então. Tu te lembras do doce ramo de papoulas que a mim me apaixonou de todo n'alma? Casamo-nos e de todos fomos felizes até quando o corpo permite. Fomos até o ponto em que se deseja o outro tão profundamente que dele, sem necessidade de palavras, às vezes sequer de olhares, sabe-se de único gole toda a sua essência. Ainda assim fomos felizes, quando eu a despia ao Meio das suas sêdas e usavamo-nos até que o coração pedisse e o corpo implorasse por descanço. Ainda assim éramos felizes.<br />
<br />
Não mais, como outrora, me arrependo de tê-la tomado para mim, mas sim, de não tê-la deixado livre, porque quando se toca nas asas da aleluia ela rapidamente delas se livra para seguir o seu caminho. E como é com elas, foi conosco.<br />
<br />
Nosso amor era tão insandecido e tão forte que na nossa união despedaçamo-nos as asas. Podamos também os pés com nossos ciúmes, para que um para sempre sustentasse o outro. Assim, não seguimos nosso caminho. Essa vida era apenas uma brincadeira de colegial para matar a nossa ociosidade do espírito. Uma brincadeira insana que machucava e corroía a nossa humanidade e compaixão. Duvidava-se de tudo: do Leste ao Oeste queríamos sentir a presença um do outro, sentir o seu cheiro e o calor que emanava de seu corpo e de nenhum outro.<br />
<br />
Não que eu me arrependa, como outrora, de ter-me casado. O casamento é maravilhoso! É a perfeita comunhão entre dois seres que se amam, como julguei que éramos. Casamo-nos por vontade e livre gosto, tanto para ela quanto para mim. Amávamo-nos. E apesar do verbo preterido, não deixei de amá-la. Dedico-lhe meus suspiros e meus versos como desde aquele baile, e ela sabe que sou todo teu.<br />
<br />
Ela quem não mais me pertence. <br />
<br />
Amei-a tanto e dela busquei tanta alma, emoção e sentido, que dando-os aos montes aos meus versos, dela não restou para mim. Nem o seu cheiro de menina, nem o seu coração rosado. Até mesmo as dobrinhas, antes tão odiadas por sua natureza malcriada e egoísta, de repente desapareceram! <br />
<br />
Nem os seus sorrisos e rubores, nem o seu perfume violáceo, ou, se demais, a sua essência humana. <br />
<br />
Amei-a tanto que dela partilhei incondicionalmente com todos, que dela, nada me resta. Até uma última lembrança me é vedada.<br />
<br />
</div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-68718731502788127602011-11-12T14:26:00.005-03:002012-04-25T02:16:02.138-03:00Carta de um velho marinheiro I<div align="justify">Ah meu caro... apaixonei-me.<br />
<br />
Pelas dobrinhas que se formam em sua delgada cinturita quando ela se dobra (ela as odeia, porque são o que são e não se submetem nem a ela nem às suas vontades); apaixonei-me pelo seu cabelo crespo e o busto arfante oculto pelo espartilho royal, quando ela à jenela se põe após a dança me encanta como também conquista-me o seu leve sotaque do sul. Os erres marcados e os sussurros que lhe encravam n'alma quando nela os olhares fixam; rubra ela se torna, e os seus lábios despejando sentenças inócuas de um velho marinheiro, tornam-se um coração que palpita e treme sob o seu negro olhar.<br />
<br />
Apaixonei-me pela tua maldade inocente, que brinca e estreita a cintura um pouco mais para que eu a envolva... E o seu cheiro de menina travessa que transita numa floresta ne corvos e cria uma vereda só para mim entre os orientais e os sândalos da noite.<br />
<br />
A sua delicada cinturita, muito bem oculta pela sêda escarlate que a envolve do Leste ao Oeste, é justificada e acentuada a cada dia após aquele. Ela é a única papoula de todos os bailes, porque outra sequer se atreve a usupar-lhe o veludo das pétalas nem a vida das suas flores. Ela poderia ser uma Rosa que mesmo envolta em espinhos, atrai mortalmente os amantes ao seu leito e lá os mata, mas não, ela é a papoula d'onde tiro o ópio que me consome o medo e a vergonha para então fitar-lhe os lábios e os seios.</div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-50216967471620343302011-11-10T16:55:00.001-03:002012-03-02T12:08:18.168-03:00Rammstein - Sonne<div align="center"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="http://www.youtube.com/embed/qVqzfB7Aevs?rel=0" width="480"></iframe></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-15810156164501045402011-11-03T10:48:00.000-03:002011-11-03T10:48:42.715-03:00Ruas<br />
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<center>Pelas ruas caminhava,<br />
descrevendo em linhas tortas<br />
todo o meu caminho.<br />
<br />
Sou do tempo do Brasil Colônia.<br />
Sou de quando a côrte ali havia.<br />
Quando nos peitoris das janelas<br />
Sedas carmins e brocados via.<br />
<br />
Hoje as ruas estão mórbidas,<br />
Perderam toda a sua alegria.<br />
Hoje as ruas estão mortas,<br />
Vestiram-se todas de cinza.</center><center><br /></center><br />
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<div align="right">
<b>S. Blackmont</b></div>
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Inspirado na crônica '<i>As Ruas</i>' de <i>João do Rio</i>._kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1342764070469327661.post-66917984572643093172011-10-01T19:06:00.001-03:002011-10-01T19:26:22.808-03:00A rima<div align="center">
Nem conto<br />
Tampouco poesia<br />
Talvez uma rima pútrida<br />
Talvez uma fantasia<br />
Quem sabe um delírio louco<br />
Ou uma obra prima<br />
<br />
Tão pouco<br />
peço, quero apenas uma rima.</div>
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<div align="right">
<b>S. Blackmont</b></div>_kruellahttp://www.blogger.com/profile/13588812950111852553noreply@blogger.com2