segunda-feira, 9 de maio de 2011

A jovem descobridora

A garota lia Rilke, cartas a um jovem poeta; estava ainda na primeira carta quando parou a leitura e, olhando para o horizonte cimentado, perguntou-se: de que eu gosto?
Bem, eu gosto de sonhar, de água do mar e de algodão doce, foi o que ela se respondeu. Mas, não... não era isso que ela se perguntava – ao menos, não era o que ela queria saber. A jovem, embora jovem, tinha já feita uma vida toda de sensações descobertas. Sabia que sabia disso, só não sabia como fazer para compartilhar seu saber. Então ela havia comprado aquele livro, e agora refletia sobre o que sabia até ali. – De quê eu gosto, meu Deus?
Novamente, ela sabia! A resposta parecia brincar em seus lábios, quase escapulindo deles e saltando para o mundo, mas então, ela parecia zombar da inocência da jovem descobridora e pulava goela abaixo. A jovem quase podia ouvir seu sorriso debochado ecoando por seus braços como um leve formigamento, que terminava nas pontas dos dedos e dava muita vontade de escrever. Mas, escrever o quê? Ela não sabia - ainda! -, apesar de já saber dizer a sensação da palavra. Ela ainda era jovem, apesar de descobridora e descobrimento.
– Joana, vem jantar!
– Já vou, mamãe!

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