sábado, 12 de novembro de 2011

Carta de um velho marinheiro I

Ah meu caro... apaixonei-me.

Pelas dobrinhas que se formam em sua delgada cinturita quando ela se dobra (ela as odeia, porque são o que são e não se submetem nem a ela nem às suas vontades); apaixonei-me pelo seu cabelo crespo e o busto arfante oculto pelo espartilho royal, quando ela à jenela se põe após a dança me encanta como também conquista-me o seu leve sotaque do sul. Os erres marcados e os sussurros que lhe encravam n'alma quando nela os olhares fixam; rubra ela se torna, e os seus lábios despejando sentenças inócuas de um velho marinheiro, tornam-se um coração que palpita e treme sob o seu negro olhar.

Apaixonei-me pela tua maldade inocente, que brinca e estreita a cintura um pouco mais para que eu a envolva... E o seu cheiro de menina travessa que transita numa floresta ne corvos e cria uma vereda só para mim entre os orientais e os sândalos da noite.

A sua delicada cinturita, muito bem oculta pela sêda escarlate que a envolve do Leste ao Oeste, é justificada e acentuada a cada dia após aquele. Ela é a única papoula de todos os bailes, porque outra sequer se atreve a usupar-lhe o veludo das pétalas nem a vida das suas flores. Ela poderia ser uma Rosa que mesmo envolta em espinhos, atrai mortalmente os amantes ao seu leito e lá os mata, mas não, ela é a papoula d'onde tiro o ópio que me consome o medo e a vergonha para então fitar-lhe os lábios e os seios.

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