segunda-feira, 25 de abril de 2011

O Andrógeno

Sua face é o corpo
de uma dúbia pomba:
uma asa de luz
e outra de sombra.

Seus olhos – balança
ainda oscilante,
entre o que o homem pese
e o que Deus mande.

Vivo como em sonho,
antes de nascido,
quando a vida e a morte
estavam consigo.

Pois seu corpo de anjo
impuro e casto.
leva a mão da glória
e a do pecado.

Une o Céu e o Inferno,
e Deus e o Demônio:
entre Adão e Eva
busca seu nome.

Em certa hora horrível
enegrece e pensa
na razão do mundo
da ambivalência.

Espelhos artrozes
refletem seu corpo.
Só êle pergunta
se está vivo ou morto.

Autoria desconhecida,
suspeito que Cecília Meireles.

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