sábado, 13 de agosto de 2011

Oh, rosenrot...



Era uma vez uma garota chamada Rafaela. Rafaela não era por padrão, bonita, mas era muito popular independente do lugar aonde fosse. As pessoas a adoravam por seu sorriso sincero e sua natural timidez.
Ela, apesar de muito pobre era simpática e logo tinha a confiança de qualquer pessoa. Mas, em meio à multidão de amigos que tinha, ela se sentia só como numa noite muito escura e sem luar. Não podia confiar em ninguém, pois nela havia um dom. Rafaela não podia atravessar paredes nem tinha super inteligência, mas qualquer pessoa que dela se aproximar, dela obteria todas e quaisquer oportunidades que pedisse.

Ela por si mesma nada fazia, e por isso mesmo tinha medo. Achava que as pessoas não precisavam daquelas oportunidades tanto quanto ela, mas estas nunca vinham para Rafaela, também. Ela era uma ponte entre as pessoas e seus íntimos desejos, todos realizados.
Um dia, porém, cansada de tudo e de todos ela se sentou num banco de praça. Era uma manhã fria e nublada, e ela não gostou de ter seu silêncio perturbado por um carro de som.

Sah ein Mädchen ein Röslein stehen
Blühte dort in lichten Hönen
So sprach sie ihren Liebsten an
Ob er es ihr steigen kann


E aquelas palavras, ressonando na pedra da calçada, acompanharam seus pés durante todos os seus passos. Parecia que ainda quer que ela fosse, tudo a lembrava daqueles versos. O que aquela voz dizia ela não se lembrava, mas a mensagem havia sido transmitida e agira como um sopro repentino de vida numa tempestade de areia.

Sie will es und so ist es fein
So war es und so wird es immer sein
Sie will es und so ist es Brauch
Was sie will bekommt sie auch


Rafaela era constantemente presenteada com qualquer coisa à mão, de lápis à perfumes, e um dia ela recebeu rosas vermelhas de um alguém qualquer. Quando segurou o pequeno maço de rosas, sem querer ela se cortou, e vendo aquele sangue que era seu próprio ela decidiu mudar.
A primeira coisa, ela sabia, era se afastar das pessoas, por que ela sabia que ser a ponte era seu destino, e ele é inexorável. E duma hora para a outra ela se afastou de todos, para se tornar apenas uma outra garota qualquer, sem amigos nem companhias.

Tiefe Brunnen muß man graben
Wenn man klares Wasser will


Então ela, numa noite depois de algum tempo, se aproximou de sua mãe e disse:
– Dê-me um dos seus braços?
Ela nunca pedia nada, nem o seu pedido fazia sentido, e por isso sua mãe, sua única parente próxima, riu e mandou que ela procurasse o que fazer; e a pobre passou o resto de sua vida a buscar quem fosse capaz de tamanho ato de amor.

Der Jüngling steigh den Berg mit Qual
Die Aussicht ist ihm sehr egal
Hat das Röslein nur im Sinn


Um dia, muitos e muitos anos depois, ela estava numa gigantesca fila. As pessoas estavam todas cansadas e impacientes, e se acotovelavam para conseguir uma melhor posição; assim que as portas da loja se abriram ela encontrou o que tanto buscara.
Ela nunca recebera sequer um beijo de boa-noite, também nunca lhe contaram histórias para dormir, nem costumavam abraça-la, mas ali, espremida em frente a uma enorme pilha de CDs e DVDs em liquidação, ela encontrou o seu lugar. Rafaela era uma rosa vermelha, pela qual algum dia, alguém irá lutar.

Tiefe Brunnen muß man graben
Wenn man klares Wasser will
Rosenrot oh Rosenrot
Tiefe Wasser sind nicht still


Em casa quando ouviu o CD pela primeira vez Rafaela sentiu uma enorme emoção lhe umidecer as bochechas. Ela entendia muito pouco do que dizia a música, mas ela tinha certeza: ela era uma rosa vermelha. Faltava-lhe apenas o jardineiro em cujo cume ele, pelo seu amor, a buscaria.

OBS: Letras e tradução do letras.terra.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Críticas construtivas são sempre bem vindas, bem como sugestões e elogios.